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CfP: Hegel e Goethe: uma relação entre filosofia, estética e teoria política (Revista Estudos Hegelianos, 2025)

We are glad to give notice of the Call for Papers for the special issue of «Revista Estudos Hegelianos», dedicated to the topic Hegel and Goethe: a relationship between philosophy, aesthetics and political theory.

Submissions have to be made via the journal’s website and following the publication guidelines. Texts in Portuguese, Italian, English, French, German and Spanish are accepted.

Deadline for submission: Dezember 1, 2024.

Below you can find the text of the call.

 

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“O Urphänomen” — como se lê no copo que Goethe deu a Hegel em abril de 1821 — “se recomenda de modo mais belo, para uma acolhida amigável, ao Absoluto”. Por um lado, a relação entre Hegel e Goethe (como aquele presente testemunha) é marcada por um profundo reconhecimento mútuo ou mesmo veneração. Por outro, conceitos centrais no pensamento de ambos — como o Urphänomen goethiano e o Absoluto hegeliano — demonstram tensões profundas. Enquanto o Urphänomen de Goethe enfatiza uma intuição imediata da natureza, para o pensamento especulativo de Hegel, a mediação da reflexão conceitual se mostra constitutiva. Tais tensões não negam, contudo, a proximidade significativa de seus interesses: a questão da mediação do singular, particular e universal, que se encontra no centro da lógica especulativa de Hegel, também continua sendo decisiva para a produção poética de Goethe e para o seu pensamento — tanto estético como ético-político. Com efeito, no contexto da conclusão da primeira parte de Fausto — cuja proximidade estrutural e temática com a Fenomenologia do espírito de Hegel tem sido frequentemente assinalada —, Goethe escreve que não há indivíduos que não se relacionem com algo universal: “Todos os indivíduos são também universais: ou seja, este ou aquele, como preferir, é o representante de um gênero inteiro”. E aqui, tanto para Goethe como para Hegel, o individual só pode se tornar não apenas um universal, mas também um indivíduo efetivo quando age e se realiza na plenitude concreta do mundo real, a fim de alcançar a si mesmo. Do mesmo modo, para ambos, a realidade que se abre mediante esta relação com o mundo conectada com a atividade é essencialmente caracterizada por contradição e conflito, pelo desenvolvimento crítico de reconfiguração e transformação: a plenitude concreta do universo configura a si mesma — não apenas para Hegel, mas também para Goethe — unicamente ao passar pelo “espírito de contradição organizado, metodicamente cultivado”, como Hegel sintetiza a dialética em conversa com Goethe. A bem dizer, uma realidade tão intrinsecamente contraditória e plena de tensões encerra, para ambos, um enfoque no presente político e social atrelado à Revolução Francesa e suas consequências: como as agitações e crises da Revolução poderiam conduzir — na Era Napoleônica — à fundação de uma nova ordem social se revela, para ambos, uma tarefa central de importância não apenas teórica, mas também prática. Hegel e Goethe experimentaram enfaticamente o seu tempo como um tempo de profundas contradições e tensões, caracterizado pela transição em curso para uma nova época — a modernidade —, a uma época cujos contornos ainda são abertos e incertos — e ambos refletiram a respeito dessa experiência histórica em suas obras. Este aspecto não é menos responsável pela modernidade persistente de Hegel e Goethe e se inscreve na questão norteadora (para ambos) das condições e possibilidades da arte clássica na era moderna.

O objetivo do foco temático proposto é reunir contribuições originais que investiguem e discutam semelhanças e diferenças na relação entre Hegel e Goethe nos âmbitos da filosofia, da estética, da teoria política e em suas complexas interações. Embora muitos aspectos da relação entre os dois pensadores tenham sido estudados em profundidade na pesquisa clássica, a importância e a atualidade das perspectivas abordadas aqui continuam representando um desiderato nos estudos contemporâneos de Hegel e Goethe. É particularmente a intrigante conexão entre os aspectos filosóficos, estéticos e político-sociais envolvidos nesta constelação que merece uma cuidadosa reconsideração e reatualização.

Contribuidores confirmados:

Francesca Iannelli (Università degli Studi Roma Tre)

Elizabeth Millán (DePaul University)

John H. Smith (University of California, Irvine)

 

As submissões devem ser feitas pelo site da revista e observando as diretrizes de publicação

Aceitamos textos em português, espanhol, italiano, francês, inglês e alemão.

Prazo para as submissões:  1º de dezembro de 2024

Publicação prevista para o primeiro semestre de 2025

Contato: Gregor Schäfer gregor.schaefer@unibas.ch

For further information, please visit the website of the Journal.

 

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